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programaçao do blog :Crônica 167 - "Os primeiros livros que escrevi"



No meio das milhões de revistas de quadrinhos que assinei, nos últimos anos, tenho lançado aqui ou ali alguns livros. Menos do que eu gostaria.
Mas enquanto nos preparamos para compensar este atraso, lembro-me do esforço e da satisfação que tive quando lancei minha primeira coleção de livros, muitos anos atrás.
Corria o ano de 1965, ainda não tínhamos revistas nas bancas, somente tiras e páginas semanais nos jornais.
Mas os nossos personagens já começavam a se tornar conhecidos.
Na ocasião eu trabalhava com três jornais "lançadores": a Folha da Manhã, o Diário de São Paulo e o Diário da Noite. O primeiro virou a Folha de São Paulo de hoje e os dois últimos, que pertenciam ao império de Assis Chateaubriand chamado "Diários Associados", encerraram suas atividades há muitos anos.
Quanto aos personagens, eu os dividia entre os jornais: na Folha vinham as tiras do Bidu e Franjinha, do Cebolinha, e do Raposão. Nos Diários Associados vinham as tiras do Hiro e Zé (onde nasceu o Chico Bento), do Penadinho, do Astronauta e do Piteco. Aos domingos, os personagens ganhavam mais espaço e cores, em suplementos que marcaram época.
Nossa equipe de artistas era pequena, mas conseguíamos manter as tiras e as páginas semanais (tipo tablóide), com muito esforço e competência. Às vezes à custa de noites em claro.
Por isso, no meio dessa produção extenuante, quando chegou uma proposta da Editora F.T.D. para produzirmos uma coleção de livros, tivemos que pensar duas vezes. E mais, tínhamos que produzir a coleção ainda em tempo de participarmos de uma feira de livros que se aproximava.
Mas era uma deliciosa tentação. A oportunidade de vermos nossos personagens saltarem das histórias em quadrinhos e ganharem o texto corrido, a ilustração colorida, a capa dura...
E decidimos, eu e nossa pequena equipe, que valeria a pena passarmos mais umas poucas noites sem dormir direito.
Escolhi os personagens dos Diários Associados para comporem a coleção. Queria reservar os personagens da Folha para outra oportunidade. E pusemos a mão na massa, ou melhor, no papel.
Depois da produção normal de tiras e tablóides, "esticávamos" até onde agüentávamos, na produção dos livros. Eu escrevi e desenhei todos eles em três noites. A arte-final ficou por conta desse prazo, também, bem como a indicação das cores e acabamento.
No final, em quatro dias, todo o material estava pronto para ser encaminhado à editora.
E o lançamento foi realizado, pouco depois, na feira do livro, com o sucesso que eu esperava e sonhava.
Tanto que os livros se esgotaram. Poucos exemplares sobraram para contar a história.
E eu contribui para que, durante muitos anos, não tivesse a coleção nem nas minhas próprias mãos. Pois o reparte que a editora me encaminhou, eu distribui para parentes e amigos, com a maior satisfação e deslumbramento.
Recentemente, uma coleção em bom estado me foi re-presenteada pela Edna Cortez, viúva do meu antigo companheiro de profissão, Jayme Cortez. Com esses livros nas mãos, e com a tecnologia atual, vou tentar reeditar a coleção exatamente como ela foi publicada há trinta e quatro anos.
Faz parte do nosso plano editorial.
E da promessa que fiz aos meus filhos mais velhos, que querem ter nas mãos, de novo, os livrinhos de sua primeira infância para presentearem aos seus filhos, meus netos.



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