especial monica
vamos começar com a primeira revista da turma da monica pessoal vamos deixar bem claro [esse especial é sobre todos os personagen ta]ela custava 50 centavos o nome era monica e sua turma
com horacio franjinha cascão jotalhao e bidu
essa sao as primeiras que lanço
Mônica Editora Abril |
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Claro que o entrevistado em questão é Mauricio de Sousa, que foi, sem sombra de dúvida, o principal destaque da 14ª edição do FIBDA - Festival Internacional de Banda Desenhada de Amadora, em Portugal. Este ano, o evento foi realizado na Escola Intercultural da cidade.
Nascido em 27 de outubro de 1935 em Santa Isabel, no interior do estado de São Paulo, começou a produzir algumas ilustrações para oJornal de Mogi das Cruzes, pequena cidade onde viveu e decidiu que seria em São Paulo que realizaria seu sonho de criança.
No fim da década de 1950, decidiu voltar à carga com seus desenhos, criando tiras com um cachorro e o seu dono (Bidu e Franjinha), que acabaram sendo bem aceitas pelo jornal. Assim, começou a publicar no início de 1959. Durante mais de dez anos, as tiras criadas por Mauricio percorreram os mais diversos jornais brasileiros. Finalmente, em 1970, seu trabalho passou para os gibis, e vieram revistas como Mônica, Cebolinha e Cascão, que, juntamente com outros personagens, coloriram o imaginário de adultos e crianças durante as décadas vindouras.
Outras provas dessa atenção do autor aconteceram na entrevista, quando fez questão de fazer um desenho para cada um dos entrevistadores, alongando a conversa além da meia-hora combinada; e na última sessão de autógrafos, que estava planejada para acabar por volta das 19h, mas só terminou perto das 21h.
Universo HQ: Mauricio, você foi convidado para um festival no qual se celebra a Mulher. Como se sente sabendo que, aqui em Portugal, maioria do público que consome suas revistas pertence ao sexo feminino?
Essa coisa de ser o público feminino o maior comprador de meu material por aqui só me deixa orgulhoso e relaxado, pois a quem pertence o futuro senão às mulheres? São elas que geram e criam a vida. Por isso, fico descansado em relação ao meu futuro (risos). UHQ: Como é continuar a conviver com os mesmos personagens após tantos anos? Ainda mais por saber que eles foram responsáveis por influenciar gerações durante as três últimas décadas?
E essa responsabilidade é muito grande, mas da uma satisfação enorme. É bom saber que muita gente cresceu lendo e se divertindo com meus personagens, já que eles foram criados com essa intenção. UHQ: Como era o seu processo criativo? Sabemos que os personagens principais da turminha são baseados em seus filhos, mas e o restante surgiu como? De amigos das crianças?
Agora vão surgir mais personagens novos, como Vanda e Valéria (que serão lançadas em breve), baseadas nas minhas duas filhinhas; ou o Marcelinho, que é inspirado no meu filho de cinco anos, que já nasceu politicamente correto e é tão certinho e "patrulheiro" que não dá para acreditar! Ele brinca e depois arruma os brinquedos, lava as mãos antes de comer, apaga a luz quando sai do quarto… E já nasceu assim, certinho. Às vezes, é até difícil de agüentar (risos). E como eu tenho dez filhos, sempre haverá personagens para serem lançados! UHQ: A certa altura de sua carreira, você decidiu deixar a prancheta e delegar os trabalhos a uma equipa de profissionais que hoje constituem a Mauricio de Sousa Produções. O que o levou a esse "afastamento"? Mauricio: Olha, chegou uma altura em que precisei decidir se queria ser apenas "mais um" autor ou se pretendia dar um passo à frente em relação ao meu trabalho, criando, para isso, uma "linha de montagem".
Mauricio: Sim. Aliás, no mundo inteiro eram poucos os estúdios a funcionar nesse sistema, sendo que o maior exemplo é o da Disney, claro. UHQ: Mas deixar seus personagens, os seus "filhos", nas mãos de estranhos não foi um processo custoso? Mauricio: Você nem imagina o quanto. Foi algo bastante duro, mesmo. Em cada etapa do processo, eu ia deixando algo para o estúdio fazer; e isso foi bastante doloroso. No começo, eu fazia tudo, desde o argumento ao desenho, passando pelos processos de colorir todos os meus desenhos, colocar as letras nos balões das falas, todas as etapas que consistem no "criar" de uma história. Aos poucos, fui deixando as coisas passarem das minhas mãos para as do estúdio. Primeiro foi a arte-final, depois os desenhos e, por fim, os roteiros.
Mauricio: Bom, essa tarefa de fiscalizar deixo para a diretora do estúdio (nota do UHQ: Alice Takeda), que é tão ou mais exigente que eu (risos). Mas estou sempre de olho aberto, sim, e se vir algo que não me agrada, chamo o estúdio e converso dizendo "Meus amigos, isto assim não dá. O Cebolinha não pode agir/falar desse jeito" ou "Não gosto desses desenhos". Aliás, já tenho aqui comigo umas revistas nas quais não gostei de algumas das coisas que colocaram na história. Quando chegar em casa, vou mostrar e bem... (risada geral). Quanto a escrever, não sinto tanto essa necessidade, mas há personagens que ainda faço questão de ser o roteirista, já que eles representam um pouco de mim. É o caso do Horácio, por exemplo. Em relação aos argumentos, eles são a única coisa que faço questão que passe pela minha mão. Estando em Tóquio ou em Paris, recebo os textos no meu computador, leio-os em seguida e corrijo, caso haja necessidade de alguma alteração. Resumindo, nos textos eu ainda tenho a última palavra. UHQ: Qual o critério utilizado para um roteirista ou um desenhista entrarem para os Estúdios Mauricio de Sousa? Mauricio: Bem, não coloco anúncio em jornais. As pessoas vêm me procurar e eu avalio seu trabalho em diversos pontos. Ambição, capacidade de evoluir e interação com outros profissionais são coisas de que não abdico, e gosto de ver em alguém que queira colaborar comigo. Se a pessoa vier falar comigo, pra me mostrar seu material, eu avalio se tem potencial ou não, decidindo, em seguida, se ficará no estúdio. Nós não temos estágios. Nas avaliações, eu vejo o que está de errado e o que deve ser corrigido. Então, mando a pessoa treinar em casa, o que penso ser necessário. E este processo pode se repetir quatro, cinco, seis vezes ou o tempo que for necessário - até se isso significar dois anos!
Mauricio: (Mauricio interrompe a conversa, para pegar uma revista da Turma da Mônica e mostrar a última página). Veja (voltando à entrevista)... Os nomes estão todos lá. Essa questão dos créditos não é problema, pelo menos no meu estúdio. Mas vou lhe responder mesmo assim, sem problema algum. Eu não farei isso e posso dar uma razão muito simples: copyright. Um artista tendo seu nome na frente de um personagem pode, mais tarde, reclamar algum tipo de direitos sobre ele. Claro que perderá na justiça, mas é algo que não há necessidade no meu pessoal. Assim, nas minhas revistas isso não acontecerá.
Mauricio: Geralmente, a iniciativa é minha, e tenho grande orgulho e prazer de poder ajudar de alguma forma a transmitir mensagens importantes que possam auxiliar a população em geral a ficar alerta. A Turma da Mônica tem uma preocupação muito grande com todos os temas mundanos. Ninguém pode acusá-la de ser alienada ou algo do gênero. Mas faço questão que todas as histórias sejam um momento de relax. Se vamos transmitir uma mensagem que seja de forma suave e relaxada. Afinal, como é que nós explicamos as coisas aos nossos filhos? A gente não passa nada cru e cruel para nossos filhos, vamos transmitindo as informações de modo suave, para que eles possam ir adquirindo e assimilando esse conhecimento e para que, quando crescerem, terem, aí sim, um retrato fiel da realidade do mundo.
Mauricio: Penso que sim, desde que seja de modo suave. Principalmente, porque esse tipo de histórias que fazemos são concebidas para serem momentos de lazer e descontração. Na época da Segunda Guerra Mundial havia um personagem nos Estados Unidos chamado Ferdinando (Li'l Abner, no original), criado por Al Capp, que saía todos os dias em mais de dois mil jornais. Nessa altura, todas os personagens de quadrinhos americanos participavam de algum modo, nas suas histórias, no esforço nacional de guerra. Menos o Ferdinando, que continuava a viver as suas aventuras lá na cidadezinha onde vivia. Os outros autores perguntavam a Al Capp qual era a idéia dele; por que Ferdinando não participava do esforço de guerra; por que não se "alistava". E Al Capp explicava que os soldados que estavam na guerra, no meio das bombas e dos tiroteios estavam habituados a ler as histórias daquela maneira. Se ele entrasse na batalha, seria uma espécie de perda de uma referência muito importante…
Mauricio: Você fez bem a lição de casa (risos). Esse projeto está avançando, e é algo que esperamos ter novidades muito em breve. Entretanto, posso lhe dizer que iremos arrancar com um projeto, que lhe divulgarei em primeira mão, já que não saiu nada sobre isso no Brasil ainda. Trata-se de uma Cartilha da Fome, que se destinará exclusivamente às famílias brasileiras, ensinando hábitos alimentares e outras questões importantes relacionadas com esse tema. (Neste momento, Mauricio demonstrava grande entusiasmo nas palavras) E temos, também em andamento, um projeto paralelo de alfabetização com bibliotecas itinerantes, que se deslocarão pelo País inteiro, incentivando o prazer da leitura e que vai ganhando adeptos dia a dia.
Mauricio: Por uma simples razão: eu quero que os estúdios se concentrem apenas na criação de histórias e de projetos relacionados com os personagens. E esse seria um fator extra que complicaria muito a nossa vida. Não que não existam propostas para isso, de fundos e tudo mais. Posso lhe dizer que o maior banco do Brasil já chegou a mim e disse: "Mauricio, tem capital à sua disposição para lançar sua editora!" Mas, sinceramente, prefiro que invistam esse dinheiro em filmes, por exemplo. Tendo uma editora que cuide bem das minhas revistas, que me dê garantias de um bom trabalho, eu não vejo necessidade para tal.
Mauricio: (Exibe um sorriso e passa a explicar fazendo um gesto de auto-estrangulamento) Sentia-me assim, estrangulado! A proposta de expansão deles era muito pequena para o que eu tinha em mente. Suas previsões e sugestões limitavam pelo um milhão de revistas mensais. Aí, fui para a Globo e só no primeiro ano foram 3,5 milhões de revistas. 3,5 milhões! Era tudo o que eu queria e pretendia. Então, a mudança foi algo lógico de se fazer. UHQ: Na década de 1980, numa tentativa de combater as produções japonesas que assolavam o Brasil, você lançou alguns longas-metragens. Quando podemos esperar ver de novo a turminha na telona?
Por isso, em breve, esperamos iniciar, a todo vapor, novos projetos, tanto na telona quanto na televisão. Iremos criar algo no gênero da Vila Sésamo, programas educativos com a turminha abordando e ensinando as coisas importantes da vida. Posso dizer também que, em Portugal, também está sendo negociada uma série de animação, o que permitirá alavancar outros projetos no seu país. Aliás, posso, desde já, afirmar que pretendemos fazer de Portugal a nossa sede européia para todos projetos nessa linha. E mais novidades estão sendo planejadas… UHQ: Pode adiantá-las?
Também pretendo criar um estúdio aqui e trabalhar melhor os personagens. Por exemplo, colocar o Chico Bento falando uma linguagem mais a ver com a turma da roça daqui. UHQ: Nas histórias da Turma da Mônica, muitas vezes você marca presença, no melhor estilo Hitchcock em seus filmes. Só por curiosidade, qual a razão disso? Mauricio: (Risos) É curioso, porque nunca fui eu que quis isso. Foram sempre idéias dos artistas, que fui deixando rolar e se tornaram uma vertente, na minha opinião, bastante engraçada. E é ainda mais engraçado quando se abordam temas relacionados com o estúdio e a forma como as histórias são boladas.
Mauricio: Esse negócio de personagem favorito é algo difícil de escolher, pois são todos aqueles com os quais trabalho no momento. Afinal, se estou escrevendo aquele personagem, estou dando a ele um bocado de mim mesmo. Então, naquela hora, sou a Mônica, o Cebolinha ou qualquer outro. Mas, sinceramente, nos personagens animais eu deixo mais do que um simples pedaço de mim, pois ali posso ser o adulto que sou e extrapolar as minhas opiniões. O Horácio, o Bidu e o Jotalhão possuem muito da minha alma, da minha filosofia de vida e das minhas idéias. Neles exponho todas as minhas preocupações.
Quanto a novos personagens, a turma vai ganhar novos integrantes muito em breve. E vou lhe adiantar alguns: Uma turma amazônica baseada em tribos deste local tão específico do Brasil e, por isso, bastante diferente, por exemplo, do Papa-Capim. Dois personagens deficientes que servirão essencialmente para mostrar como as crianças reagem, e devem reagir, perante outras crianças com alguma deficiência física. Um será cego e outro, paraplégico. Teremos também dois personagens negros, que serão dois músicos brigando para ver qual o melhor estilo de música (risos).
Mauricio: Sem sombra de dúvidas. Meu Deus, ela desenha muito melhor do que eu com a idade dela, e está, neste momento, terminando seu curso para, logo em seguida, se envolver nos trabalhos do estúdio. O futuro pertence a Marina, com certeza. UHQ: Mauricio, muito grato por toda atenção e disponibilidade. Boa sorte para seus projetos futuros. Mauricio: O prazer foi todo meu. Muito obrigado e cumprimentos para todos. |
domingo que vem tem mais especiais
2 comentários:
Gostei muito!
Estou montando um exposição com as minhas crianças, poderiam me doar
algum tipo de material?
Professora Valéria
legal vai ter um novo especial valeria ainda bem que vc gostou do especial mas que tipo de exposição vc vai fazer
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